Nesses dias primaveris com altas temperaturas fui a sorveteria e pedi a moça um sorvete de sensação e ela me perguntou qual sensação congelada eu queria.
Foi um longo minuto, provavelmente pareceu mais longo do que realmente foi pra nós duas, mas é que me encontrei pensando que sensação eu iria escolher.
Pensei em pedir aquele momento em que vi os olhinhos do meu pequeno irmão pela primeira vez e como isso pareceu completo. Depois troquei, e pensei em pedir aquele momento quase mágico do beijo no olhos amendoados na praça com árvore de estrelinhas e em como eu realmente senti que ia durar pra sempre.
Nossa mas não podia sair pedindo assim, e me esquecer de quando eu ganhei um peixinho azul que se chamou Tadeu e cuidar dele me fazia sentir competente e necessária.
Fora todas as risadas com os amigos que trazem uma sensação de que não importa as bobagens que eu fale ainda serei amada. E as comidas que mamãe faz e que vou lembrar do cheiro mesmo que passem cem anos... E ainda como mais cedo eu me senti protegida e radiante em admitir que não existe razão e isso me fez florescer.
As sensações são misturadas de coisas que nem sabemos de onde vem, podem ser momentos que lembrem outros momentos, podem ser infinitos que acabam sem realmente acabar.
Depois do minuto que passou, acabei por dizer que queria um sorvete de chocolate, rindo por dentro em saber que eu simplesmente não havia conseguido escolher apenas uma sensação, e que isso era realmente maravilhoso.
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